terça-feira, 4 de março de 2008

Mariana

Mariana foi uma de minhas grandes surpresas. A conheci por indicação de um amigo, apenas por seus, digamos assim, atributos visuais. Uma das grandes e boas surpresas do sexo extra-matrimonial pago é conhecer gente interessante onde se imaginava haver apenas o vácuo cerebral e uma certa melancolia intrínseca, algo como a figura do palhaço chorando, alguém que se pinta e se transforma apenas pelo riso, ou prazer, dos outros, mas que no fundo é apenas alguém que não tem para onde ir.
Mariana foi diferente de tudo isso. Mariana lia, e lia Nietzsche e Schopenhauer, e ouvia Clash e Gardel. A grande, inevitável e hipócrita pergunta sobre o porquê dessa vida, nunca a fiz, e desconfio que não iria ter uma resposta se fizesse. Talvez porque não exista uma resposta, ou porque a reposta deva ser tão óbvia que escapa aos dedos de perguntado e perguntador.
Mariana era tão magnética, tão divina, que demandava a concentração simultânea dos 5 sentidos. Não era possível escutá-la sem querer vê-la, tocá-la sem querer prová-la.
Acho que Mariana não deve ter sido feita mesmo para o egoísmo de um homem. Foi feita para o mundo, pertence a todos, mas não é de ninguém. Em minha imaginação, Mariana já foi cortejada por reis e presidentes, e sultões e magnatas. E se de fato não o foi, é clara demonstração da inépcia de seus acessores, pois Mariana é o que lhes pedem seus soberanos, assim como faziam seus pais e os pais de seus pais. Já têm a descrição, falta-lhes o nome. Mariana.
Onde quer que esteja, Mariana, aprendi que não devo lhe pedir fidelidade, carinho, juras de qualquer espécie. Mariana, apenas te peço, que te recordes de mim.

Nenhum comentário: